Sou cristão. Uma confissão politicamente incorreta.


O nobre e fiel bispo de Esmirna, Policarpo quando pressionado pelo procônsul para que exclamasse César é o Senhor e assim não fosse queimado diante de uma multidão sedenta pelo sangue dos mártires cristãos no Século II. Policarpo não hesitou Se abrigas a vã pretensão de que eu jure pelo gênio do César, como dizes, fingindo que ignoras quem sou eu, com franqueza, escuta: sou cristão. Naquele contexto confessar publicamente ser cristão era assinar o seu próprio atestado de morte. Confessar o credo Cristão não era politicamente correto. Era uma agressão aos ouvidos de Roma. Pois o moto dos cristãos chocava-se diretamente contra o moto do Império Romano. Confessar a Fé cristã era dizer Cristo é o Senhor (1Co. 12.3) ao invés de aceitar César é o Senhor.


Eu tenho notado uma hostilidade crescente em nossa sociedade ocidental a fé cristã histórica. O secularismo anticristão tem crescido no cenário público. Mas o interessante é observar que desde o seu nascimento o Cristianismo não foi aceitável. Sempre foi ofensivo e desprezível. Para a sociedade os cristãos eram perigosos pois adoravam a um homem que foi punido com morte de Cruz que era reservada para os piores criminosos. O famoso romano Cícero disse que o próprio nome da cruz não esteja apenas longe do corpo do cidadão romano, bem como de sua boca, de seus olhos e de seu pensamento. Um Senhor que tinha nascido em terras distantes da palestina e vivido uma vida humilde e sofredora terminando numa cruz da forma mais desfigurada possível deveria ser desprezado pelos homens. Era uma ofensa aos Romanos dizer que tal Senhor estava acima do próprio César.

Desde cedo as igrejas tiveram que lidar com o problema da hostilidade do pensamento secular. Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou (Jo. 17.14). Na cidade de Éfeso onde o Apóstolo Paulo passou 3 anos e formou uma Igreja que posteriormente fora pastoreada por Timóteo era comum a realidade do pluralismo religioso politicamente correto. A cidade de Éfeso era conhecida pela sua religiosidade. Possuía uma das maravilhas do mundo: O Templo de Ártemis ou a Deusa Diana conhecida pelos romanos. Além disso tinha templos dedicados a adoração ao Imperador de Roma. Não havia antagonismo entre essas religiões. A Deusa Diana não era uma afronta ao Imperador. Muito possivelmente a adoração tanto ao imperador como a Diana aconteciam nos mesmos templos. A raiz do pluralismo atual pode ser encontrada na cidade de Éfeso no primeiro século. Entretanto o cristianismo sempre foi singular. Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. (Jo.14.6)


O próprio Império Romano não proibia outras religiões desde que também adorassem ao Imperador que personificava o espírito de Roma. O anúncio do sangue dos mártires que encharcaria o solo do Coliseu estava no confronto da fé cristã com o pluralismo religioso politicamente correto de sua época. Policarpo e todos os cristãos da igreja de Esmirna que sofreram perseguição em volta de 155 A.D. eram chamados de ateus. Em face de tantos deuses que eram adorados, reconhecer apenas Cristo como o Senhor merecedor de toda adoração era ateísmo, negar a existência das divindades de todos os povos. Eusébio de Cesareia coloca em seu livro História Eclesiástica uma carta escrita pela própria igreja de Esmirna destinada as outras igrejas narrando a perseguição aos cristãos. Quando terminaram de matar o jovem Germânico no estádio, a multidão gritava Morram os ateus que se ache a Policarpo.

Policarpo já velho com 86 anos de idade é posto como a estrela principal, conheceu os Apóstolos do próprio Cristo. O procônsul queria poupar-lhe uma morte tão cruel devido a sua idade já avançada. Amaldiçoe a Cristo! Dizia ele. Policarpo respondeu: Durante oitenta e seis anos tenho servido a Cristo e Ele nunca me cometeu nenhum mal. Como poderia eu blasfemar contra meu Rei que me salvou.

2 comentários:

  1. Acho fascinante a história da igreja...que livros vc indicaria?

    Solange

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  2. Os livros do alister mcgrath na area de história da igreja, pode comprar que vale a pena.

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